A quatro rodadas do fim da Bundesliga, o Wolfsburg é o líder, com 60 pontos, e tem grandes chances de conquistar o primeiro título nacional de sua história. A seleção da Bósnia, por sua vez, não fica atrás em matéria de bons desempenhos: ocupando o segundo lugar no grupo 5 das Eliminatórias europeias para a Copa de 2010, o time comandado por Miroslav Blazevic sonha com a chegada à repescagem – e, quem sabe, ao que seria o primeiro Mundial disputado como república independente, desde a separação da antiga Iugoslávia. A ligar estas duas campanhas, um jogador importante tanto na seleção como no clube: o atacante Edin Dzeko.

De Sarajevo para o mundo

Dzeko iniciou a carreira em 2003, no Zeljeznicar, e recebeu a primeira oportunidade na equipe do técnico Amar Osim, durante a Premier League da temporada 2002/03. Naquele mesmo ano, o nativo de Sarajevo ainda iniciaria sua carreira nas seleções de base do país, sendo chamado a defender a equipe sub-19, numa partida contra o Cazaquistão. Em 2004, ele voltaria a atuar pelo time, num amistoso, desta vez contra a Itália.

Mesmo sem conseguir atuar em um Europeu da categoria, Dzeko – na época ainda sendo escalado como meio-campista – prosseguiu recebendo oportunidades no Zeljeznicar, mesmo sem ter titularidade garantida. Porém, o Zeljo teve de amargar dois vice-campeonatos seguidos na Bósnia (2003/04 e 2004/05). Sendo assim, não conseguiu segurar a jovem promessa, que, após 40 jogos e apenas cinco gols, mudou de ares em 2005, indo para a República Tcheca.

Entre os tchecos, a estrela sobe

A confiança no agora atacante foi depositada pelo FK Teplice, clube da Gambrinus Liga, a primeira divisão tcheca. Porém, quando desembarcou no país, em 2005, Dzeko foi repassado a um clube mais modesto, o FK Ústí nad Labem, da segunda divisão. Chegando à equipe na metade de 2005, mostrou sua utilidade com uma boa média de gols, marcando seis em 15 partidas e ajudando na boa campanha do Ústí nad Labem, que alcançou a terceira colocação na Czech 2.Liga.

Bastou para que o Teplice decidisse aproveitar o que havia trazido da Bósnia. O time auriazul não conseguiu passar de um oitavo lugar na Gambrinus Liga 2006/07, mas Dzeko teve sua melhor temporada, até então, na curta carreira. Com 13 gols, o espigado rapaz de 1,92m foi o segundo melhor goleador na Liga Tcheca daquela temporada, só sendo superado pelos 16 gols de Lubos Pecka, do Mladá Boleslav, 3º colocado.

A notável ascensão não passou incólume em termos de seleção. Já içado à categoria sub-21, o atacante teve fundamental importância nas eliminatórias para o Europeu da categoria, na edição de 2007. No grupo 1 da qualificação, com Armênia e Noruega, marcou um gol no 3 a 2 sobre os noruegueses, e, junto de companheiros de geração, como o parceiro de ataque Vedad Ibisevic e Sejad Salihovic, conseguiu levar a equipe ao play-off por uma vaga no campeonato disputado na Holanda, contra a República Tcheca. A classificação não veio, mas nunca a Bósnia chegara tão longe nas eliminatórias da competição.

A explosão vai parar?

E a ascensão ficou grande demais para não ser notada. Primeiro, veio a convocação pioneira para a seleção profissional, pelo técnico Fuad Muzurovic, para um amistoso contra a Turquia, em 2 de junho daquele ano. Difícil imaginar estreia melhor: a seleção perdia por 2 a 1, mas, nos acréscimos do segundo tempo, Dzeko conseguiu acertar um voleio, na área, empatando o jogo, que depois se converteria em vitória da Bósnia por 3 a 2.

O primeiro maravilhado a chegar à República Tcheca para tirá-lo do Teplice foi Felix Magath, treinador do Wolfsburg. Por 4 milhões de euros, Dzeko foi jogar nos Lobos, pouco antes do início da temporada 2007/08 da Bundesliga. E que começo: na primeira metade do campeonato, cinco gols e três assistências em doze jogos. Tão impressionante que o site Sportal o elegeu melhor atacante no turno daquele Campeonato Alemão.

Ficaria parecendo pouco, diante do que Dzeko anda fazendo em 2008/09. Grafite pode ser o artilheiro da Bundesliga, mas o bósnio é um dos principais responsáveis pela liderança do Wolfsburg, vindo atrás como vice-goleador (19 gols, junto de Mario Gomez, do Stuttgart) e justificando os elogios de Felix Magath (“Ele é o atacante que todo clube queria: sabe o que fazer com a bola, tem bons chute e cabeceio e não é egoísta.”)

Na seleção, não só transformou-se em titular, mas transformou-se em protagonista no ataque, com a lesão de Ibisevic. Nas duas mais recentes partidas pelas Eliminatórias da Copa, ambas contra a Bélgica, Dzeko foi decisivo, marcando um na vitória por 4 a 2, fora de casa, e mais dois nos 2 a 1 de Zenica, virando o artilheiro geral da qualificação europeia para a África do Sul, com sete gols. A continuar assim, não há dúvidas: Wolfsburg e Bósnia tem muito a esperar do atacante.