Acho extremamente interessante quando os clubes decidem ter à frente da sua equipa técnica treinadores que, apesar de um currículo curto ou inexistente como jogador, parecem discernir, com relativa facilidade, as exigências do futebol moderno. Muitas dessas contratações, contudo, devem-se ao acaso e não a uma estratégia ponderada... Falando de treinadores, é cada vez mais normal os clubes procurarem académicos que não tiveram, enquanto jogadores, um percurso necessariamente interessante. Esta distinção, porém, radica num erro. É tão errado presumir que um ex-jogador tem vantagens em relação a quem não jogou ou a quem não jogou ao mais alto nível, porque viveu o jogo por dentro, quanto presumir que um académico, porque leu e investigou certas coisas mais ao pormenor, tem vantagens em relação a quem não o fez. A qualidade de um treinador não depende da quantidade de literatura que conseguiu acumular, nem da quantidade de experiência que o seu currículo enquanto jogador lhe forneceu. Ser um bom treinador tem essencialmente a ver com competência e inteligência! Estudar muito ou ter muita experiência pode não ter nada a ver com competência...
Esta posição extrema, que é a posição de muito boa gente, tornaria fácil identificar bons treinadores. Assim, aqueles que estudaram, que se educaram, que tiveram contacto com os mais modernos métodos de treino, estariam numa posição privilegiada. Isto não é verdade e há exemplos de treinadores bastante competentes que foram jogadores no passado. Acredito, de facto, que a experiência enquanto jogador não chega e que um ex-jogador só se pode tornar um bom treinador se se cultivar, se for inteligente. Mas o contrário não é menos verdade. Por mais culta que seja uma pessoa, a reflexão sobre o jogo, a aplicação dessa cultura na prática é essencial. Eu posso aprender sobre medicina, arquitectura, marketing, design, advocacia, mas não consigo aprender sobre futebol? Sinceramente, parece-me um bocado ridículo tentar “barrar” a entrada a pessoas que poderão vir a ser muito competentes no mundo do futebol só porque nunca o praticaram a alto nível, o que eu acho é que um homem que nunca foi jogador terá que trabalhar a dobrar!
À volta do futebol criou-se um “mito” de que só os ex-jogadores de alta competição conseguem ser treinadores de alta competição, principalmente porque só assim é possível perceber o que vai na cabeça dos jogadores. Quanto a mim, cada jogador é um caso diferente, cada um tem a sua maneira de sentir as coisas e viver os momentos, como tal, o importante é saber identificar o que vai na cabeça dos nossos jogadores, em vez de pensarmos com a “nossa cabeça”. Cada um vive os momentos à sua maneira e o treinador deve prever inteligentemente como cada jogador irá reagir em determinadas situações, só assim é possível manter o equilíbrio de toda a equipa!
Modalidades: revista da semana
Há 1 dia
grandíssimo artigo Nogueira. A inteligência e o trabalho, podem levra-nos muito longe.
Olá, penso que fazes uma leitura correcta sobre a qualificação que um treinador deve ter. Concordo plenamente. No entanto, e porque costumo ler vários blogues, identifiquei uma colagem tua ao artigo do Nuno (www.entredez.blogspot.com) numa sentença que proferes: “é tão errado presumir que um ex-jogador tem vantagens em relação a quem não jogou ou a quem não jogou ao mais alto nível, porque viveu o jogo por dentro, quanto presumir que um académico, porque leu e investigou certas coisas mais ao pormenor, tem vantagens em relação a quem não o fez. A qualidade de um treinador não depende da quantidade de literatura que conseguiu acumular, nem da quantidade de experiência que o seu currículo enquanto jogador lhe forneceu. Ser um bom treinador tem essencialmente a ver com competência. Saber muito ou ter muita experiência pode não ter nada a ver com competência” - http://entredez.blogspot.com/2009/07/um-treinador-competente-ou-um-fala.html
Um conselho: cuidado com estas coisas, pois aparentando teres ideias interessantes, a tua imagem cai por completo se "roubares" pensamentos alheios...
Ricardo é com todo o prazer que vejo a tua busca por algo nitidamente interessante (para ti)
Como as pessoas responsáveis pelo blogue bem sabem eu comento quando posso e quando tenho verdadeira disponibilidade, portanto faço os artigos sozinho, como é óbvio tenho sempre alguns princípios base que podem ou não ser de muita gente!
Como tu bem sabes, uma pessoa pode desenvolver ideais com base noutros e assim sucessivamente! Nada é tão certo como Pessoa pensava ao dizer que "Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce!"
Um abraço ;)