A temporada do Benfica foi lamentável. Nenhum clube em Portugal trouxe tantos reforços e gastou tanto quanto o emblema da Luz. O ex-jogador Rui Costa, revelado no próprio Benfica e aposentado em maio de 2008, foi alçado à função de diretor esportivo e assumiu o compromisso de fazer o clube renascer das cinzas. Um ano depois, o saldo é melancólico: eliminação precoce na Taça Uefa e na Taça de Portugal, e terceiro – ou quarto – lugar no campeonato nacional. Para compensar, apenas o título da Taça da Liga, e mais nada.
O projeto de Rui Costa passava pela confiança depositada no técnico espanhol Quique Flores. No entanto, as opções do treinador foram muito tumultuadas do começo ao fim de seu trabalho. Quique esteve longe de mostrar a segurança e o espírito de líder sempre necessários num clube de massa como o Benfica. Semanas atrás, quando a saída do espanhol já era iminente, a imprensa portuguesa apontava os altos valores da rescisão contratual como um empecilho para que o Benfica o dispensasse. Hoje, o próprio Quique já se mostra disposto a sair do clube – e pode até negociar o valor da multa a receber.
Nos últimos anos, na gestão do presidente Luís Felipe Vieira, o Benfica vem optando pela contratação de técnicos estrangeiros que, entretanto, não permanecem no clube por mais de uma temporada. Foi assim com o espanhol José António Camacho (em duas oportunidades) com o italiano Giovanni Trapattoni, com o holandês Ronald Koeman e, agora, com Quique Flores. Em meio a tantos estrangeiros, apenas um português passou pelo comando técnico do clube: Fernando Santos, que assumiu em 2006/2007, mas que foi dispensado logo na primeira rodada do campeonato seguinte.
Inconstância endêmica
A inconstância dos treinadores do Benfica reflete bem uma falta de firmeza da diretoria do clube, algo semelhante à instabilidade que se vê no Sporting e algo bem diferente do que temos no Porto. Quique Flores era um técnico com uma passagem razoável pelo Valência – e só. Talvez fosse necessário alguém com mais nome e mais presença no banco para resolver as coisas no clube da Luz. Alguém como Luiz Felipe Scolari, por exemplo, que o jornal A Bola estampou em sua primeira página do último dia 12 de maio, anunciando-o como “Forte hipótese para Benfica”.
Só que, em vez de Felipão, é o atual técnico do Braga, Jorge Jesus, que é apontado como o técnico mais provável a assumir o Benfica para a próxima temporada. Vantagens da escolha: trata-se de um treinador português que conhece profundamente o futebol nacional e que tem bons préstimos a serviço de Belenenses e Braga. Desvantagens: não me parece que Jorge Jesus tenha a “anima” necessária para encarar o desafio de comandar um clube com a envergadura e as cobranças do Benfica. Daí que a instabilidade benfiquista talvez esteja longe de chegar ao fim nos próximos tempos.
By Zeca Marques - In Trivela.com
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