A época futebolística em disputa tem sido marcada pela elevada turbulência, sem dúvida pelo começo hesitante e por vezes frustrante de uma pré-época armadilhada por uma participação demasiado precoce no apuramento para a Champions.
A crise de resultados e exibições pareceu ter tomado vontade própria de forma caprichosa, tornando inevitável o seu culminar: a saída de Paulo Bento. Previsto por uns, negado por outros, mas seguramente indesejado por todos pelo rasto turbulento e fracturante deixado na sua ocorrência.
Uma semana passada apenas e as atenções focadas na composição da nova estrutura que se anuncia para o departamento de futebol foram o escape necessário para esquecer ou atenuar os momentos traumáticos vividos. Incontornavelmente, tinham que acontecer com a partida de alguém com o crédito que Paulo Bento soube acumular na sua passagem por Alvalade.
Os Sportinguistas vivem hoje uma espécie de 2ª oportunidade, provavelmente o melhor momento da época. Sem terem que confrontar as esperanças que agora renascem com a realidade da competição, vêm com bons olhos o carisma e abnegação de Sá Pinto como motor para uma nova partida. A cada vez mais provável entrada de André Villas Boas, sendo uma jogada de risco, insere-se numa filosofia que se deseja ver implantada em Alvalade: pela argúcia e conhecimento chegar antes dos que têm muito para gastar e assim se podem dar ao luxo de contratar o óbvio. Mesmo expectantes, julgo que a maioria se revê pelo menos na temeridade calculada do acto.
A maior parte dos milagres, seja no futebol ou na vida, são fundados em muito trabalho, muita competência e suor. Pode-se ganhar um jogo por sorte mas até essa exige a audácia de tentar. O primeiro milagre necessário para o futebol do Sporting é o de fazer voltar a normalidade. O lugar do Sporting neste campeonato não é seguramente o que agora ocupa. É o que a descrença nas suas capacidades proporcionou. Fazer acreditar no seu valor, orgulhar-se dele e impô-lo no campo é o que os jogadores precisam e os adeptos merecem. As boas práticas e tácticas farão o resto. Os adeptos estão ansiosos de carregar a equipa às costas, mas é preciso que esta faça o indispensável: ganhar a coragem de dar o salto.
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