O mercado

O Sporting está no mercado, isto a avaliar pelo desfile de nomes e notícias. Não sei até que ponto isto é inteiramente verdade, tendo em conta o que se sabe da liquidez no Visconde Alvalade. Pode-se no entanto afirmar com alguma segurança que o Sporting está à procura de colmatar as debilidades que Carvalhal sente no plantel, que o impedem de interpretar as novas disposições tácticas.

Começando pelos alicerces, a equipa parece ter estabilizado defensivamente em termos colectivos, mantendo-se ainda exposta pelas falhas individuais. Foi assim o último golo sofrido, ante o Heerenveen, com Grimi e Pedro Silva a deixarem a sua chancela pouco abonatória. Mas percebe-se já que nas bolas paradas se abandonou a marcação individual, optando-se pelo preenchimento dos espaços. E que se pede também que o quarteto defensivo suba mais, retirando assim vantagem colectiva da diminuição dos espaços quer no momento de construção do jogo, quer quando tem que reconquistar a posse ou anular o ataque adversário. É aqui que se notam ainda os vícios e os receios que só o tempo e a confiança anularão. Esta linha defensiva precisa mais que um simples face-lift e os retoques possíveis nesta altura não passarão disso mesmo.

A linha intermédia é de longe onde abundam as soluções, passe o exagero. Mas estas não surgem em igual número nos seus componentes. O sub-rendimento de Vuk, as lesões e as adaptações possíveis não ajudam nada a equilibrar a equipa na ala esquerda. O mercado é a solução quase inevitável. Sendo este o coração da equipa, os novos papeis a desempenhar pelos seus actores exige tempo, mas também me parece que, para lá da deficiência acima apontada, é aqui que o novo treinador tem mais razões para dormir descansado. Moutinho, Adrien, Izmailov, Veloso, Vuk, Pereirinha e Matias dão garantias, embora precisem de decorar os seus novos papeis para que possam exibir mais segurança e eficácia, o que não parece ainda muito seguro.

Pudesse Carvalhal e os Sportinguistas sentir o mesmo com a linha avançada. Caicedo, Postiga, Saleiro e Djaló e Liedson viverão sempre dependentes do que os vivem na linha anterior conseguirem fazer. Mas, chamados a intervir, poderão dar o poder de fogo que esta equipa necessita? Pois… Mas contratar para esta posição não é fácil e muito menos barato. Se houvesse alguém que tivesse dúvidas, bastaria olhar para o rol de entradas efémeras e sem deixar qualquer lembrança que valha a pena.

Acredito que é profundamente desolador ler este artigo, falando de mercado sem as habituais especulações. Mas a realidade por vezes também o é. quero dizer com isto que não ficarei por isso surpreendido que seja Alcochete afinal a fonte de recrutamento deste Inverno. E sendo barato, pode não ser pior e pode dar milhões. Os tais que não se conseguem desde que Nani saiu para Manchester. Não haja dúvidas: o Sporting acerta mais quando vai a Alcochete.