Em outubro do ano passado, quando Portugal havia disputado apenas três partidas das eliminatórias européias para a Copa de 2010, escrevi neste espaço uma coluna com o título “Fora, Queiroz!”. À época, defendia a idéia de que o técnico Carlos Queiroz não tinha envergadura para ser técnico principal da seleção portuguesa. Poderia até ocupar-se das camadas jovens ou ser técnico-adjunto, como o fazia - com brilho - no Manchester United. Mas ele jamais poderia ser o técnico principal dos Tugas.

Cinco meses depois, a situação só se agravou. Após o empate em casa sem gols diante da poderosa Albânia (!), em 15 de outubro, Portugal somou mais dois empates em 0 x 0 diante da Suécia (um fora de casa e outro em casa, no Porto, no último dia 28 de março). Com os resultados positivos alcançados por Dinamarca e Hungria nas últimas duas rodadas, a vaga no Grupo 1 tornou-se praticamente impossível. Portugal somou apenas dois pontos em casa em nove disputados. No Grupo 1, já está há quatro partidas sem vitória (venceu apenas Malta, na primeira rodada). E, pior do que isso, nos três últimos jogos fez 57 remates a gol e não conseguiu balançar em nenhuma vez as redes dos adversários.

Assim que terminou a partida contra a Suécia no último sábado (28 de março), o técnico Queiroz voltou a proferir seu discurso messiânico e inócuo: “O futebol é para quem marca e ganha. Estamos muito frustrados, mas vamos recuperar os pontos perdidos”. O treinador tem insistido constantemente na idéia de que a equipe vai obter a recuperação e a vaga. Só que, com apenas 6 pontos em cinco jogos, Portugal não deve ficar nem em segundo lugar do Grupo 1. Está hoje a sete pontos de distância da líder Dinamarca (5 jogos) e da vice-líder Hungria (6 jogos). E a Suécia, com apenas 4 partidas disputadas, tem os mesmos seis pontos dos Tugas.

Tabela do Grupo 1 não é nada satisfatória

A sequência de jogos de Portugal também não é lá animadora. Tudo bem que o próximo jogo é contra a Albânia, fora de casa, no dia 6 de junho. A vitória é mais do que obrigatória. O problema está na agenda do mês de setembro, quando os Tugas fazem duas partidas fora de casa contra seus concorrentes diretos: no dia 5, pega a Dinamarca; no dia 9, a Hungria. Mais uma vez, Portugal precisará vencer as duas partidas, caso queira viajar à África do Sul no próximo ano. Para completar a tabela das eliminatórias, a seleção lusa recebe a mesma Hungria no dia 10 de outubro e finaliza sua participação enfrentando Malta, também em casa, na última rodada – quando poderá apenas estar cumprindo tabela, caso não avance rapidamente na tabela

Para além da aritmética complicada, a torcida portuguesa parece que também desistiu de sonhar com a vaga. Enquête do jornal Record, após a última partida com a Suécia, mostrava que 75% dos internautas não acreditavam mais na classificação para o Mundial, contra 25% otimistas. O jornal A Bola fez enquête semelhante, perguntando ao internauta se “Portugal vai conseguir apurar-se para o Mundial 2010”? Aqui, observou-se um resultado muito próximo: 72% não confiavam mais na vaga, contra 28%. As manchetes dos jornais esportivos também endossavam o desânimo: enquanto o Record estampava a manchete “Parece impossível”, O Jogo simbolizava a descrença: “Adeus África”.

Opções de Queiroz são ainda piores

É difícil não apontar Carlos Queiroz como um dos principais responsáveis pela crise por que passa a seleção portuguesa atualmente. Portugal fez uma das semifinais da última Copa e realizou uma bela primeira fase da Eurocopa de 2008. Aliás, a campanha na última Eurocopa só ficou manchada após o Chelsea ter anunciado, durante a competição, que Luiz Felipe Scolari havia assinado contrato com o clube londrino. Como uma equipe que conta com o atual melhor do mundo eleito pela Fifa (Cristiano Ronaldo) poderá ficare ausente do Mundial na África do Sul?

Contra a Suécia, Queiroz começou a partida sem um único centroavante. Preferiu alinhar o “pequenino” Danny na frente do ataque, junto aos grandalhões zagueiros suecos. Depois, colocou o pouco produtivo Hugo Almeida em campo, mas de nada adiantou. No meio de campo, o “Professor Pardal” tirou de sua cartola que o atabalhoado zagueiro Pepe leva jeito para ser um volante de armação. Pois a linha média formada por Pepe, Raul Meireles e Tiago, além de não atuar junto em nenhum momento, não tem brilho nem competência para armar o ataque da equipe.

Depois, com a contusão de Bosingwa, Queiroz colocou outro zagueiro em campo, Rolando (Porto). A equipe passou a alinhar, então, com quatro zagueiros: além de Rolando, Ricardo Carvalho, Bruno Alves e o já citado Pepe. A equipe passou a ter mais desenvoltura com a entrada de Deco no lugar de Tiago, no segundo tempo. Mas a ineficiência de um ataque mal formado pelo técnico foi ainda mais brutal: Portugal não teve competência para fazer um mísero gol – e o máximo que o treinador sabe afirmar é que “estamos todos frustrados”. Sim, frustrados e indignados com tamanha incompetência.