Há algumas atenuantes para uma pouco impressiva vitória do FC Porto na Champions onde, contudo, tem as coisas devidamente encaminhadas para seguir para a fase seguinte como tem feito desde há três épocas. Desde logo, algumas “baixas”; também muitos dias sem trabalho com mais de uma dezena de seleccionados numa altura da época em que os processos deviam começar a ser exponenciados no seu jogo; também a boa organização táctica dos cipriotas que não são, como já se vira, a pêra doce de antanho.
E mesmo que, limitado nas suas opções pelos dois primeiros factores, Jesualdo se visse quase obrigado a formar o meio-campo que ontem jogou, a verdade é que sobra a perplexidade da não utilização de Guarín, depois da polémica de ter sido utilizado quando menos se previa (Chelsea) e menos se justificava (Braga). É que, salvo o pendular Fernando, o FC Porto sem Belluschi perde criatividade e meter Meireles e Mariano, este ainda por cima mais como interior do que como ala que é de raiz, é baralhar e manter confuso o sector nevrálgico. Logo, Jesualdo tem uma equação de três incógnitas, juntando Guarín a estes dois habituais titulares, pois não se sabe quando o colombiano “deve” jogar de início.
Foi isso que contribuiu para uma frouxa 1ª parte que terminou devidamente empatada, em golos e em asneiras defensivas de parte a parte. E a colocação de Mariano mais no flanco deu o mote para carregar após o intervalo, obter o 2-1 e falhar o 3-1 escandalosamente por Falcão.
Mas se alguns destes aspectos têm marcado esta primeira fase da época portista, a verdade é que a equipa tem-se saído bem, tudo somado. Significa que o todo é maior do que a soma das partes e uma equipa vale por isso, safando-se nos momentos de menor lucidez e estaleca. Imagine-se, agora, com tudo nos eixos e a força competitiva que a equipa tem no seu ADN, para esta fase que definirá os lugares no topo do campeonato até ao Natal sendo que a Champions está assegurada praticamente até Março mais o seu proverbial pecúlio financeiro.
É este aspecto que, ao longo de uma época, marca a diferença do FC Porto para os rivais: constância competitiva e já experimentada com adversários de valor. O FC Porto defrontou todos os clubes portugueses que disputa(ra)m as eurotaças, à excepção do Benfica, além do Atl. Madrid e o Chelsea. Os seus adeptos percebem as dificuldades momentâneas de afirmação aqui e ali, mas não temem quebras significativas nem perdas de personalidade. Daí uma confiança plena que não tem de estar espelhada na classificação, ao contrário da obsessão de outros que concebem a sua dimensão só quando estão em 1º lugar – e às vezes nem isso, basta dizer que se anda como se fosse o 1º. Já tivemos o Sporting que se achou merecedor do título em 2006-07 sem nunca ter passado pela liderança…
Crónica semanal do blog Portistas de Bancada para o Futebol "O desporto rei"
0 golos