Quem esperava ver afastados os problemas, os velhos e os novos, e ver relançada a época após o derby de sábado ainda vai ter que esperar. É a ilação a retirar do jogo de ontem. E ainda bem que ele aconteceu, uma vez que o empate e a exibição menos conseguida não se opuseram à obtenção do mínimo que se podia exigir: o apuramento para os 16 avos de final da Liga Europa. E não deixa de me parecer intrigante (fiquemos por aqui) que os que se contentavam anteriormente com o alcance dos “objectivos” já queiram também ópera. Não deixa de ser bom sinal, apesar de tudo, porque me parece que o bom futebol deve ser o anseio natural de todos os Sportinguistas.
Muito se falará hoje das falhas de Carvalhal. Em dia de aniversário, não faltará ao mister motivos de introspecção. Se é verdade que a) este Heerenveen é melhor do que o “holandês” da primeira volta, b) que conseguimos evitar um jogo dramático em Berlim, com obtenção de um bom golo, c) conseguindo fugir à tentação suicida do pontapé para a frente, ou os centros da linha de meio-campo, é também verdade que CC meteu o pé na argola. E se acho que falhou na forma como abordou o jogo, - Matias e Postiga e Veloso, postados diante de Adrien e Moutinho, dificilmente permitiriam a profundidade necessária e desejável para fazer chegar à baliza contrária com qualidade suficiente para fazer golo - CC não foi o único. Vejamos:
Falhamos nós os adeptos, excepto, claro está, os pouco mais de 12 mil que estiveram presentes. Fomos os primeiros a dizer que o jogo de ontem era pouco importante, que era favas contadas não comparecendo.
Falha mais uma vez quem tem a obrigação de proporcionar as condições mínimas para a realização de um bom jogo. Não adianta assobiar, o relvado prejudica-nos, e Jesus, mesmo que por maus fígados, já o havia profetizado: é muito difícil assumir o jogo naquelas condições e fisicamente esgotante.
Falharam os jogadores, que, mais uma vez, não se dispuseram para o jogo como o fizeram no derby, ou no jogo do dragão, ou nas eliminatórias contra a Fiorentina. Para lá de considerações tácticas, parece-me uma evidência que este plantel tem dificuldade em motivar-se para jogos com equipas teoricamente ao seu alcance.
Mas, tal como o brandy, há falhas que já vêm de longe. Os efeitos de uma pré-época desastrosamente programada far-se-ão sentir por muito tempo ainda. Jogadores como Adrien - muito castigado pela opinião - têm menos minutos de jogo que alguns jogadores adversários à saída da pré-época. 180 minutos de jogo na Liga Sagres e outros tantos na Liga Europa é muito pouco. Não me parece que se justifiquem as críticas à condição física do plantel, até porque fomos até ao fim do jogo à procura do resultado, mas é difícil exigir ritmos elevados sem a devida tarimba.
Veio na altura certa o Heerenveen. Erros como os de ontem, de todos nós, como aqui tento provar, custar-nos-ão muito mais no jogo de Setúbal e nos que se seguirão. Quem esperava milagres vai ter que continuar sentado. É que estes dão muito trabalho e este, para ser bem feito, precisa de tempo. Ora tempo é coisa que não existe em futebol. É preciso começar a ganhar ontem. Mas não deixa de ser miraculoso termos sido salvos pelo pé direito de Grimi, conseguindo assim o apuramento."
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