A proposta para a alteração dos quadros competitivos da formação [juniores A e B] foi aprovada.
Que importância tem e porquê?
Só agora estamos a recuperar da realidade que estava diagnosticada desde 1998. Não podíamos continuar a projectar um campeonato feito há 30 anos. Os quadros competitivos são apenas um segmento da formação e com a restruturação esperamos ter maior competitividade e que o percurso final seja coerente para que o júnior no ano de passagem tenha maior capacidade para se afirmar no futebol sénior.
E qual é o objectivo?
O que se pretende é que o comportamento júnior esteja bem próximo do comportamento sénior. Hoje temos em média 7% de jovens a entrar na Liga de Honra e na Liga e o objectivo é que seja aumentada em dois anos para quase 20%. A fase final dos juniores A com mais equipas e mais jogos aumentam competitividade e será montra valiosa para a Liga de Honra e a Liga principal. Como não temos equipas B temos de encontrar um formato que se aproxime.
Mas o que está em jogo? O sucesso das selecções...
Nós não estamos apenas preocupados com a realidade das selecções. Também, mas não só. Queremos valorizar o futebol nacional e isso assenta nos activos dos clubes, os jogadores. Estamos a falar de competição ao mais alto nível. Não sei se perder continuamente pode ser um bom modelo, mas sei que se aumentarmos o nível competitivo vamos ter mais sucesso na integração dos jovens nas equipas seniores e nas selecções. Até agora havia alguns clubes a passear durante o ano e só na fase final é que tinham competitividade.
A base das propostas foi um levantamento feito por Agostinho Oliveira. Como fez o estudo?
Distribuímos os treinadores nacionais de norte a sul e observamos jogos, comportamentos, etc. Fizemos o levantamento minucioso do número de estrangeiros e de portugueses, das infra-estruturas e ouvimos as denuncias dos clubes, a principal era mesmo a falta de competitividade. Isso tudo confirmou a dura realidade de que tínhamos de mudar urgentemente e não podíamos continuar a projectar um campeonato feito há 30 anos. Eu tenho a preocupação de me inteirar sobre os métodos usados no estrangeiro, mas antes eram eles a vir a Portugal beber dos nossos conhecimentos e experiências. Nós parámos no tempo e eles continuaram.
E como se reverte esse cenário?
Temos de analisar tudo o que envolve o jogador desde que chega ao clube até ao jogo. Se não se treinar para o jogo e se não se perceber o jogo, não se pode pedir resultados. A falta de infra-estruturas ainda é um problema. Só temos duas ou três academias além dos três grandes. Em Inglaterra, por exemplo, há 40. Nas academias o atleta tem formação académica integrada, hora marcada para o treino, para a cultura global, para a cultura táctica, para frequentar um bom anfiteatro, onde há cultura e comportamentos diferenciados. Há uma realidade muito distante entre a Europa e Portugal e por louvável que seja o esforço das autarquias em construir mais um campo sintético, não chega. Nós temos a matéria prima mas há que a preparar para alta competição. Não podemos esperar que a capacidade técnica e a finta sejam suficientes para tapar lacunas de cultura táctica de base.
Fez o levantamento em 2006/07, porque demorou tanto a ir a AG?
A demora não é sobre o estudo de 2006/07, mas na incapacidade financeira de 2001 por em prática o novo campeonato de juniores, que resultou do estudo que fiz em 1998. Nessa altura criou-se a segunda divisão a Federação teve custos acrescidos deixando de poder suportar a implementação do campeonato júnior.
Pode-se falar em formação da Federação, quando os jogadores só estão na selecção uns dias?
A formação é contínua. Nunca entendi que a Federação tivesse de fazer a formação dos clubes, mas o que faz, nem que em dois dias, é importante, porque valoriza, acrescenta ou dá consistência. A competitividade das selecções, que defrontam outras as selecções, é maior do que no clube e o jogador regressa ao clube mais rico. A nossa formação não deve ser só no campo, mas também a nível sociológico e psicológico.
De que forma?
Por exemplo, nos últimos tempos os jogadores tinham perdido o hábito de cantar o hino, alguns nem o sabiam, se o seleccionador tiver capacidade para lhe dizer que tem de cantar o hino, ensiná-lo e corrigi-lo, já está a ganhar na aproximação ao jogador e a ganhar algo para o grupo. Ensiná-lo que camisola é uma coisa única, que representa um País , que o emblema tem um sentido, etc. Por isso o estatuto do jogador é importante.
Texto : www.dn.sapo.pt
Perto do fim?
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