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Poder portista

Publicada por Futebol quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O descrédito, mais do que a polémica

O facto de o FC Porto ter a hegemonia no futebol português, fruto de uma cultura de exigência e standard elevado de competitividade futebolística traduzida em títulos há 30 anos impensáveis, nunca me inibiu, ao longo deste tempo, de considerar o desporto-rei em Portugal doente, viciado e mesmo corrupto. Amiúde, critico disciplina, legislação, arbitragem, patrocínios, atitudes e comprometimentos. Elegi a Imprensa do regime como modelo de falsidade e intoxicação pública, na qual destaco a que passei a chamar a Imprensa Destrutiva, em contraponto aos pasquins desportivos alinhados com os clubes da capital e prestimosos defensores dos seus interesses. Curiosamente, na blogosfera, muitos adeptos contrários acham estranho que um portista conteste disciplina, arbitragem, lideranças, manobras de bastidores e tutti quanti que fazem o grosso dos noticiários desviados do essencial que é o jogo no campo. Mas como aí o FC Porto é rei, no campo, toca a arranjar estratagemas para brindar os seus sucessos com um rol de suspeições. E estranham aqueles que, apontando benefícios de arbitragem e favores disciplinares ao FC Porto, por exemplo, vêem um portista a querer provar o contrário.


Já desmontei a tese dos penáltis, comprovando no meu blog como o Sporting foi mais beneficiado em penáltis a favor e menos assinalados contra. Agora é o Benfica que se apresta, já com tantos (7) a favor como em toda a época passada, a chegar primeiro aos 100, contabilizados todos os campeonatos desde 1995-96 com três pontos por vitória.


As questões disciplinares amiúde dão brado. Mas o monumento à falcatrua perpetrado pelo Apito Final, numa maquiavélica trama que desonra definitivamente quem assumiu “fazer as coisas por outro lado”, é a cereja no topo do bolo dos conluios e manobras de bastidores na Liga. Na sequência de um movimento histriónico de empreendedorismo da palavra nos fóruns televisivos - entrepostos de todas as encomendas com “comissários políticos” estrategicamente colocados por clubes de Lisboa e passivamente aceites pelos directores de Informação vendidos ao sistema - a suspensão de Lisandro por simular um penálti cabe no anedótico da regulamentação desportiva face a novo mergulho de Aimar bem mais grosseiro por não ter tido sequer um braço de Yebdá para forçar a queda do argentino do Benfica. E o facto de o regulamento só considerar “batota” se o lance valer pontos diz bem da importância dada ao gesto e o valor supremo a defender da credibilidade do jogo. Em Inglaterra, independentemente dos pontos em disputa, dois lances de simulação têm o mesmo tratamento disciplinar. Por cá, poucos se chateiam com isto, apenas um ou outro chama a atenção para esta discrepante aberração. A batota, frustrada nos fóruns disciplinares internacionais no caso do FC Porto aceder à Champions, tem por cá pasto para medrar. Os intervenientes são sempre os mesmos. A subjugação dos poderes desportivos ao Benfica é de pasmar, num tempo em que se vêem jogos pela tv e conhecem os acórdãos jurídicos na net. Quando a coisa descamba, alguma mente desempoeirada é capaz de não fazer transitar em julgado um arquivamento de doping, como Nuno Assis (entre muitos outros em várias modalidades no Benfica) e, remetido o caso às instâncias internacionais, a sua suspensão correu os trâmites legais.


Destas vergonhas poucos parecem dar-se conta, mas com uma maior legião de adeptos, tão dedicados quanto cegos, o Benfica continua a conspurcar, por artes e manias de grandeza, a credibilidade do futebol, por muito melhor que a equipa jogue em campo como é o caso desta época.


É sempre a credibilidade do jogo, de todo o futebol, que fica em causa, ainda, quando se vêem nomeações aberrantes de árbitros, quase sempre com os reflexos óbvios e antecipados de tais asneiras administrativas. Ainda suportados na maioria das opiniões que são a sua base de adeptos, mas aqui falamos de números e não de verdade e moral, os benfiquistas ansiosos de ganhar a todo o custo conseguem ver situações de prejuízo quando são beneficiados. Veja-se a vergonhosa vitória na Taça da Liga, em si mesma, como competição, um exemplo flagrante da incompetência na Liga de Clubes e regulamentação do futebol. Acrescente-se este último jogo com Vasco Santos, um “tenrinho”, nomeado para um jogo entre 2º e 4º classificados. O Benfica também ganhou por goleada em favores do árbitro, podendo apenas lamentar, bem, que tenha sofrido um golo em fora-de-jogo. Mas sem pôr-se em causa a vitória, a péssima arbitragem inclinou o campo a favor do Benfica.


Só hoje, entretanto, há nomeação de árbitros para a próxima jornada… que começa amanhã. É incompreensível. E falso. Porque não acredito que o árbitro do Porto-Belenenses não seja já conhecido, para este ter tempo minimamente para se preparar. A preparação de um árbitro deve incidir, mas muitos falham aí, no estudo das equipas e dos jogadores, conhecendo-lhes os vícios de sacar faltas ou as manias de protestar, por exemplo, para saberem antecipadamente com o que (e quem) contar. O árbitro não vai saber às 15h ou 16h que hoje terá de ir para estágio para amanhã estar no Dragão. Isto é uma falsidade.

É todo o somatório de casos, muitos sem o FC Porto envolvido mas sempre atingido à tangente por aqueles que se habituaram a falar de “sistema” esquecendo que os dragões são tetracampeões em tempos de abominável Apito Final e perseguições conexas dentro e fora do campo, que me leva sempre a falar em descrédito do futebol. Não gostaria de o fazer, nem o faço por prazer, mas vinco uma ideia há muito arreigada de que, ao contrário do que diz quem não tem tido meios, arte e engenho para ganhar mais, o FC Porto demarcou-se há anos quer do tráfico de influências quer da própria Liga. Mesmo que os mais incautos e incultos desconheçam que Pinto da Costa foi presidente da Liga apenas por uma época, aliás ainda era o Organismo Autónomo como base instaladora da recuperada Liga fundada em 1979 e para efeitos de aproveitar, no Porto, a oferta de terrenos da Câmara para erigir a sua sede na Constituição. Os poderes, como se tem visto há 12 anos, são outros.

Crónica semanal do blog Portistas de Bancada para o Futebol "O desporto rei"

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