ONDE PARAM OS EXTREMOS? Foi tão notória a mudança táctica com a entrada de Carvalhal que foi impossível passar despercebida. Para lá das convicções do técnico parece-me que, pelo menos numa primeira hora, pretendia-se associar à ruptura metodológica um rompimento com o pântano táctico em que a equipa havia caído.
O mais que se parece ter conseguido foi dar razão a Paulo Bento, quando este dizia que
Liedson não era capaz de jogar em 4x3x3. Além do mau momento de forma, a mudança introduzida deixou bem claras as limitações técnico-tácticas e até mentais do
Levezinho em adaptar-se a novas exigências.
Nos jogos mais recentes parece evidente que ficaram para trás as intenções de Carvalhal de voltar a implementar no Sporting o 4x3x3, afinal o mesmo modelo que serve de referência ao futebol das camadas jovens. A que se deveu esse recuo? Falta de jogadores para o modelo, dificuldades de adaptação do plantel?
Uma coisa ficou clara: a iniciativa de Carvalhal não resolveu
satisfatoriamente a falta de agressividade e de comprimento dos nossos movimentos ofensivos. As dificuldades em criar perigo nos últimos 30/20 metros, e consequentemente de
materialização em golos permaneceu idêntica, apesar das alterações introduzidas.
A alteração recente parece-me acertada, pelo menos enquanto os movimentos de mercado não introduzam alterações num plantel construído para jogar em 4x4x2.
Vukcevic e
Izmailov são bons jogadores mas estão longe de serem extremos. Jogar entre a linha e o defensor requer escola e vocação e ambos os jogadores foram adaptados a essas funções. Lembro-me de ver
Vukcevic jogar na última selecção da Sérvia-Montenegro de esperanças como 10, embora a suplente. O mesmo sucedeu com
Izmailov, que foi ser afastado para a ala-direita por ter o lugar de 10 tapado. Sobram
Pereirinha, que para mim tem as melhores condições para desempenhar todo o corredor direito. E
Djaló, que já com Paulo Bento jogou na ala-esquerda, embora as suas limitações na recepção e passe o impeçam de se assumir como valor garantido.
Parece-me que, neste cenário, as alternativas de Carvalhal não seriam muitas. A haver alterações de fundo, ou terão que esperar por nova época ou pelas soluções que o mercado do Novo Ano venham a permitir. Mas, atendendo ao que se ouve, onde estão afinal os extremos?
*crónica escrita para o Futebol "O desporto rei" , pelo "ANortedeAlvalade", no âmbito da parceria em vigor.
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