Ao obsevarmos várias equipes a jogarem depara-se logo, com uma incontestável deturpação do pressing, porque o pressing é utilizado para neutralizar o adversário, mas que em nada acrescenta a (pretensa) iniciativa de jogo.
Para Cruyff no Milan de Sacchi ninguém dava pontapé para a frente [entenda-se jogo direto] (...) sabiam destruir mas, simultaneamente, concebiam jogadas com essa bola roubada.
A organização defensiva (pressing, por exemplo) de uma equipe deve estar contemplada de acordo como a mesma pretende ter a bola, ou seja, atacar.
Cruyff: Se eu tenho que defender todo o campo serei um mau defensor, porém se só tenho que defender uma casa sou muito bom. Tudo é relativo. Há sempre que ver o espaço que tens que defender e se ao teu lado há gente que te guarda as costas [entenda-se coberturas defensivas] é muito difícil que o adversário marque. O conceito de pressão é um principio básico em futebol que diz que quando tens a bola tens que abrir o campo [entenda-se campo grande] e quando a perdes tens que fechar [entenda-se campo pequeno]. E o que é fechar? É reduzir metros de tal maneira que nesse espaço só possa sobreviver a técnica.
Assim, ao optarmos por um determinado meio [entenda-se pressing] para obter a bola não será altura para refletir como sugere Valdano, pois já que investimos tanto tempo e esforço em roubar a bola ao adversário. Não haverá chegado o momento de perguntarmos que fazer com ela (bola) quando o conseguimos?. Eis uma pergunta simples a que muitos treinadores não se deram ainda o trabalho de responder!!! Senão corremos o risco do futebol não ser mais do que um jogo em que agora tiro eu e a seguir tiras tu, em que os brancos insistem em dar a bola aos vermelhos e os vermelhos a devolver aos brancos, um jogo de chutes para qualquer parte.
Mourinho: Irritam-me as equipes que na Liga Portuguesa e outras jogam e persistem em jogar defensivamente, jogam para não perder, não arriscam, marcam e abdicam de jogar para não sofrer, esquecem o espetáculo, não acreditam que a melhor forma de defender um resultado é controlando o jogo e a posse de bola, e que nas últimas jornadas em que a corda aperta no pescoço e o oxigênio comeca a rarear, libertam-se da filosofia, esquecem medos e tradições e jogam em todo o campo modificando radicalmente a sua catenaciana forma de jogar.
A tentativa de recuperar a bola (pressing) é muito mais do que meramente defender, é recuperar para ter a bola.
O atacar deve estar sustentado sob uma forma de defender, pois o futebol atual depende da capacidade de ter a bola [entenda-se posse de bola].
O pressing revela neste momento de perda de bola um papel fulcral na sustentação do equilíbrio da equipe, ou seja, no acelerar das ações de recuperações (da bola, posições, organização).
Mourinho: Estou cada vez mais convencido de que o momento chave para se defender bem e para se poder fazer zona pressionante é o momento da perda da posse de bola (...) são raras as equipes que sofrem gols quando estão bem posicionadas sob o ponto de vista defensivo. A maior parte dos gols e das situações de risco acontece em situaçõe de transição e, se assim é, penso que o momento da perda da posse é o momento crítico na organização defensiva.
Mourinho reforça a ponderação anterior ao referir que defender bem é defender pouco, é defender durante pouco tempo. Então é necessário ter a bola o mais tempo possivel e isso, é estar a maior parte do tempo com a iniciativa de jogo evitando assim a "a necessidade de estar em ações defensivas [propriamente ditas]".
Menotti: O problema é quando nos centramos em demasia na defesa, esquecendo por completo o como atacar.
Mourinho pensa que quando se possui a bola, também se tem que pensar defensivamente o jogo, mas igualmente válido numa situação defensiva, também se tem que estar a pensar o jogo de uma forma ofensiva e preparar o momento em que se recupera a posse de bola. Porque tal como Faria expõe: é importante ter a posse de bola se ela tiver um objetivo claro como, por exemplo, atacar. Posse de bola por si só não tem significado absolutamente nenhum se não tiver um objetivo claro.
A importância dos aspectos pós-recuperação da bola são evidentes e a
preocupação da sua possivel perda simultaneamente são evidenciados.
O pressing não pode ser visto como uma ação isolada, porque pertence a um todo, e como tal ocorre de uma relação organizada. O pressing carece de organização para se demonstrar regular, e a sua proporção vai influir nas outras partes (outros principios).
O pressing como parte de um todo, deve ter um papel preponderante para o realce desse mesmo todo, ou seja, a articulação de uma parte com as outras partes.
Mourinho revela nitidamente o que é mais importante para a sua equipe: a minha ideia tática principal passa por termos a noção bem clara da coisa mais importante no futebol moderno para além de marcar gols: ter a bola.
Para Ancelotti a posse de bola, se for efetuada de maneira estática e não tiver como objetivo a procura de um ataque eficaz, pode revelar-se uma arma com uma dupla vantagem porque da a possibilidade a equipe adversária de se organizar na fase defensiva e, uma vez reconquistada da bola, de responder com perigosos contra-ataques. Acrescenta ainda, que deve-se saber o uso que se faz da posse de bola.
O pressing tem que ser usado como um meio (recuperar a bolar para poder atacar), não como um fim (apenas se defender).
Referências Bibliográficas:
Uma "(des)baromatriz(acção)" concepto-comportamental da(s) zona(s) pressing. - Monografia de Abílio da Torre Ramos.
Para Cruyff no Milan de Sacchi ninguém dava pontapé para a frente [entenda-se jogo direto] (...) sabiam destruir mas, simultaneamente, concebiam jogadas com essa bola roubada.
A organização defensiva (pressing, por exemplo) de uma equipe deve estar contemplada de acordo como a mesma pretende ter a bola, ou seja, atacar.
Cruyff: Se eu tenho que defender todo o campo serei um mau defensor, porém se só tenho que defender uma casa sou muito bom. Tudo é relativo. Há sempre que ver o espaço que tens que defender e se ao teu lado há gente que te guarda as costas [entenda-se coberturas defensivas] é muito difícil que o adversário marque. O conceito de pressão é um principio básico em futebol que diz que quando tens a bola tens que abrir o campo [entenda-se campo grande] e quando a perdes tens que fechar [entenda-se campo pequeno]. E o que é fechar? É reduzir metros de tal maneira que nesse espaço só possa sobreviver a técnica.
Assim, ao optarmos por um determinado meio [entenda-se pressing] para obter a bola não será altura para refletir como sugere Valdano, pois já que investimos tanto tempo e esforço em roubar a bola ao adversário. Não haverá chegado o momento de perguntarmos que fazer com ela (bola) quando o conseguimos?. Eis uma pergunta simples a que muitos treinadores não se deram ainda o trabalho de responder!!! Senão corremos o risco do futebol não ser mais do que um jogo em que agora tiro eu e a seguir tiras tu, em que os brancos insistem em dar a bola aos vermelhos e os vermelhos a devolver aos brancos, um jogo de chutes para qualquer parte.
Mourinho: Irritam-me as equipes que na Liga Portuguesa e outras jogam e persistem em jogar defensivamente, jogam para não perder, não arriscam, marcam e abdicam de jogar para não sofrer, esquecem o espetáculo, não acreditam que a melhor forma de defender um resultado é controlando o jogo e a posse de bola, e que nas últimas jornadas em que a corda aperta no pescoço e o oxigênio comeca a rarear, libertam-se da filosofia, esquecem medos e tradições e jogam em todo o campo modificando radicalmente a sua catenaciana forma de jogar.
A tentativa de recuperar a bola (pressing) é muito mais do que meramente defender, é recuperar para ter a bola.
O atacar deve estar sustentado sob uma forma de defender, pois o futebol atual depende da capacidade de ter a bola [entenda-se posse de bola].
O pressing revela neste momento de perda de bola um papel fulcral na sustentação do equilíbrio da equipe, ou seja, no acelerar das ações de recuperações (da bola, posições, organização).
Mourinho: Estou cada vez mais convencido de que o momento chave para se defender bem e para se poder fazer zona pressionante é o momento da perda da posse de bola (...) são raras as equipes que sofrem gols quando estão bem posicionadas sob o ponto de vista defensivo. A maior parte dos gols e das situações de risco acontece em situaçõe de transição e, se assim é, penso que o momento da perda da posse é o momento crítico na organização defensiva.
Mourinho reforça a ponderação anterior ao referir que defender bem é defender pouco, é defender durante pouco tempo. Então é necessário ter a bola o mais tempo possivel e isso, é estar a maior parte do tempo com a iniciativa de jogo evitando assim a "a necessidade de estar em ações defensivas [propriamente ditas]".
Menotti: O problema é quando nos centramos em demasia na defesa, esquecendo por completo o como atacar.
Mourinho pensa que quando se possui a bola, também se tem que pensar defensivamente o jogo, mas igualmente válido numa situação defensiva, também se tem que estar a pensar o jogo de uma forma ofensiva e preparar o momento em que se recupera a posse de bola. Porque tal como Faria expõe: é importante ter a posse de bola se ela tiver um objetivo claro como, por exemplo, atacar. Posse de bola por si só não tem significado absolutamente nenhum se não tiver um objetivo claro.
A importância dos aspectos pós-recuperação da bola são evidentes e a
preocupação da sua possivel perda simultaneamente são evidenciados.
O pressing não pode ser visto como uma ação isolada, porque pertence a um todo, e como tal ocorre de uma relação organizada. O pressing carece de organização para se demonstrar regular, e a sua proporção vai influir nas outras partes (outros principios).
O pressing como parte de um todo, deve ter um papel preponderante para o realce desse mesmo todo, ou seja, a articulação de uma parte com as outras partes.
Mourinho revela nitidamente o que é mais importante para a sua equipe: a minha ideia tática principal passa por termos a noção bem clara da coisa mais importante no futebol moderno para além de marcar gols: ter a bola.
Para Ancelotti a posse de bola, se for efetuada de maneira estática e não tiver como objetivo a procura de um ataque eficaz, pode revelar-se uma arma com uma dupla vantagem porque da a possibilidade a equipe adversária de se organizar na fase defensiva e, uma vez reconquistada da bola, de responder com perigosos contra-ataques. Acrescenta ainda, que deve-se saber o uso que se faz da posse de bola.
O pressing tem que ser usado como um meio (recuperar a bolar para poder atacar), não como um fim (apenas se defender).
Referências Bibliográficas:
Uma "(des)baromatriz(acção)" concepto-comportamental da(s) zona(s) pressing. - Monografia de Abílio da Torre Ramos.
Interessante, há maneira de ter acesso a essa monografia ? Está publicada?
Uma das coisas mais interessantes na "terminologia" de Jorge Castelo é o enfase que dá, nos seus principios gerais do ataque a preparação da perca de bola ( e consequentemente, nos principios gerais da defesa, a preparação da recuperação )
Mais do que o momento de transição em si ( perca ou recuperação da posse da bola ) é importante preparar esses momentos, Seja em organizar a equipa para defender, como preparar a equipa para atacar.
Bom post!
Bruno, pode baixar essa monografia acessando o seguinte link: http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/14588
Nesse mesmo site poderas encontrar outras monografias, dissertacoes de mestrado etc.
Forte Abraco!
Valeu, Bruno. Afinal, o futebol ee isso, como diz Valdano, "quando o time perde a bola todos devem se converter em defesas e quando se ganha a bola todos devem se converter em atacantes". Entretanto, esse convertimento tem que ser organizado, dai entra a periodizacao tatica.
Um abraco!