O problema da falsificação das idades no futebol nigeriano.
A idade oficial de Nwankwo Kanu é de 33 anos, mas a sua idade real é 42. Obafemi Martins não tem 25 anos mas sim 32. Jay-Jay Okocha era dez anos mais velho que a sua idade "oficial" ao longo da carreira. E Taribo West, que terminou a carreira há dois anos, está na casa dos 50 anos. Quem o diz? Uma corrente de bloggers em alguns dos mais famosos sites da Nigéria, em resposta aos comentários feitos depois do esforço tímido da selecção na última Taça das Nações Africanas.
Falhar na tentativa de ganhar a competição é sempre considerado um escândalo na nação mais populosa do continente, mas o último fracasso da Nigéria no torneio fez com que acontecesse uma condenação explosiva no regresso a casa.
Tudo começou quando um antigo treinador de um clube nigeriano disse: "o que aconteceu em Angola é a confirmação do que tem acontecido no passado, onde a maioria dos nossos jogadores falsificaram a idade durante a competição. A maioria dos jogadores estão para lá da idade que garantem ter, e isso tornou impossível para eles contrariar a velocidade de equipas como a Zâmbia ou o Benin".
Isso também conduziu a uma entretida discussão que não mostrou sinal de ter abatido os nigerianos, que têm apenas três meses para preparar o Campeonato do Mundo, e reagiram às criticas com um despedimento do treinador. "Os nossos rapazes são velhos, estamos a pagar o preço de alterar as idades", disse Ken Anugweje, um antigo médico e membro da direcção da Federação Nigeriana de Futebol.
Suspeitas acerca das idades reais dos futebolistas nigerianos vem de há 20 anos. FIFA baniu a Nigéria de todos os jogos internacionais por dois anos, depois de descobrir que três dos seus jogadores nos Jogos Olímpicos de 1988 tinham idades diferentes das usadas pelos mesmos jogadores em torneios anteriores.
Um ano depois, Pelé proclamou ao Mundo que "uma equipa africana vai ganhar um Campeonato do Mundo no virar do século" depois de observar a prometedora Nigéria a levantar a Taça do Mundo de Sub-17 e chegar à final do Campeonato de Sub-20. Como poderia Pelé prever que os então chamados Sub-20 de 1989 era tão velhos que, nas palavras de George Onmonya, "a maioria dos nossos jogadores estão agora retirados ou são avôs"?
A Nigéria tem uma tradição rica de jogadores promissores que misteriosamente falharam ao provar o seu potencial. Phillip Osondu foi o melhor jogador no Campeonato do Mundo de Sub-17 de 1987, a seguir ao qual foi contratado pelo Anderlecht, apenas para sair do jogo e fazer trabalho de porteiro depois de serem levantadas questões acerca da sua idade real.
A estrela dos finalistas da Nigéria na competição de Sub-17 em 2001 tornou-se oficialmente o terceiro jogador mais jovem de sempre a marcar presença num Campeonato do Mundo sénior em 2002, no empate inicial com a Inglaterra em 2002. Mas isso foi o máximo que Femi Opabunmi conseguiu, e em 2005 jogava futebol em part-time nas divisões mais baixas do campeonato francês.
Uma viajem pela blogosfera faz com que haja leituras intrigantes. "Um amigo meu, que jogou na liga nigeriana disse-me que a sua idade real era 34 mas no futebol tinha 21", escreveu Onmonya. "Podes entrar em qualquer escritório de imigração na Nigéria hoje, e falsificar documentos, mudar o nome, local de nascimento, data de nascimento, pagar sete a dez mil naira em vez dos habituais 5500 por um passaporte internacional, e em poucas horas completa-se o processo". Um novo passaporte, uma nova pessoa - e se for um futebolista, um mais novo.
Um antigo trabalhador da embaixada britânica na Nigéria, disse ao que quando os candidatos a um visto protestavam acerca dos seus processos rejeitados, ele sempre respondia: "Não me falem a mim acerca disso, estou morto". Ele respondia para as pessoas olharem para um papel nas suas costas, onde estava pendurado um certificado de óbito, comprado por uma quantia insignificante em Lagos. A FIFA reconhece reconheceu que finalmente conseguiu um sistema de determinar a idade sem falhas. Antes do Campeonato do Mundo de Sub-17 do ano passado, na Nigéria, o corpo governativo anunciou que os jogadores estiveram sujeitos a exames ao pulso, através de ressonâncias magnéticas , e que isto ia determinar as suas reais idades.
Isso levou alguns países a fazer exames de prevenção antes da prova. Os resultados nunca foram anunciados, mas a Nigéria misteriosamente descartou 15 jogadores, enquanto o Gâmbia escondeu 11 dos 18 atletas que os ajudaram a vencer o Campeonato Africano de Sub-17 poucos meses antes. Relatórios dizem que análises retrospectivas dos anteriores três Campeonatos do Mundo de Sub-17, mostraram que mais de um terço dos jogadores eram mais velhos.
Texto: Redacção Academia de Talentos.
Fonte: www.guardian.co.uk
Que tempo extraordinário para ser LEÃO!
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