É cada vez mais frequente ouvir dizer que o Sporting deve mudar radicalmente a composição do seu plantel. Os números variam entre a meia dúzia e a dúzia e meia e não falta até quem seja mais afoito. Pois se o Sporting escolher esse caminho e, simultâneamente, enveredar por uma nova liderança técnica, temo que hipotequemos de imediato muitas das nossas possibilidades. E não me parece ser muito difícil percebê-lo.
Também não me parece que haja mercado interessado em comprar, a preços interessantes, um número tão grande de jogadores, que, como se não bastasse, estão prestes a sair de uma época decepcionante, quer individual quer colectivamente. Olhando para o potencial de muitos deles, facilmente se conclui que não houve quem tenha atingido e muito menos superado expectativas de valorização. Ainda assim apontaria Carriço como o nosso valor mais seguro. Por tudo isto me parece que além de uma má medida estratégica em termos desportivos, o virar de mesa que significaria vender grande parte do plantel seria também um mau negócio. Assim dito, também não estou a ver onde poderia o Sporting alavancar liquidez para refazer com qualidade o seu quadro de futebolistas profissionais.
Um clube que está há tanto tempo sem ganhar um título nacional não possui grande margem para errar. E o próximo ano será talvez mais difícil que este. Os adversários que ficarão certamente à nossa frente esta época assim partirão no próximo ano, a menos que optem pela liquidação dos seus melhores trunfos. Não repetir os mesmos erros é fundamental, preparando a nova época atempadamente e em ambiente apropriado, isolando o ruído desnecessário.
Dos melhores momentos desta época fica uma ideia importante: bastou o regresso de menos de meia dúzia de andorinhas – leia-se exibições razoáveis - para os Sportinguistas acreditarem na primavera. Isto conjuntamente com uma correcta politica de preços. Alguém se atreverá em voltar a falar em “crise de militância” depois da mostra de vitalidade que os adeptos leoninos deram na eliminatória com o Atlético? A questão, a colocar-se, não se prende mais com a ausência de qualidade do que durante muito tempo lhes foi proposto, a impedir a empatia e a atracção tão necessária na relação equipa / adeptos? Devolvam-nos o bom futebol, nós encarregamo-nos do resto.
0 golos