Carvalhal sentou-se pela última vez na Academia como treinador do Sporting numa conferência de imprensa. Pelo menos desta vez o lugar e situação eram mais condignos com posição que ocupa e com o clube que representa. Do ponto de vista desportivo era muito difícil alcançar melhores resultados, quando tudo à sua volta era turbulência e quando não o caos absoluto. O apoio institucional foi tão eterno como o amor nas relações de interesse: foi bom enquanto durou o dinheiro, leia-se os resultados. Não me atrevo a ser severo no julgamento da prestação de Carvalhal, quando ele era apenas um dos vários intervenientes incumbidos da tarefa de fazer muito melhor do que o conseguido.
Houve ocasiões, no que parecia ser de sua exclusiva responsabilidade – eliminatória no Dragão, Paços de Ferreira – que me pareceu ter falhado rotundamente, desde a disposição táctica inicial, às alterações durante o jogo. De igual modo me parece ter sido seu o mérito das excelentes prestações com o Everton e FCPorto. Os jogos da Taça da Liga e Liga Sagres com o SLBenfica foram disputados em campos cuja inclinação seria difícil de vencer, mais ainda por quem já estava debilitado, mas na Luz pareceu-me ser possível maior ambição.
Mas do ponto de vista do carácter e do respeito pela instituição que lhe deu este presente envenenado Carlos Carvalhal marcou muitos pontos. Não entendo que seja razão suficiente ser bom rapaz para ser treinador do Sporting. Mas tendo-o sido nas circunstâncias vividas não pode deixar de merecer destaque. Boa sorte Carvalhal.
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