Quem faz o quê? O Benfica campeão de Jorge Jesus jogava num 4-4-2 muito bem definido que, em condições de ataque apoiado chegou estruturar um 4-1-1-4 demolidor, com Aimar a formar a primeira liga após os dois avançados e os alas, com Javi a ser o primeiro a suster potenciais contra-ataques.
Qualquer das formas, era sempre uma táctica de largura no terreno, velocidade nas transições e mais de metade do jogo nas alas, permitindo largura no terreno, transições de flanco e situações de desequilíbrio e superioridade numérica pela transição rápida de flancos ou de zona do terreno.
Esta tarefa era sustentada na acção de DiMaria, Ramires e Coentrão, com Aimar a servir de pêndulo e Javi Garcia de suporte defensivo, muitas vezes apoiado por Ramires quando Coentrão subia. Uma mecanização quase perfeita que tirava partido da complementaridade de todos naturalmente. Di Maria era um repentista, fantasista com uma enorme velocidade que tinha "as costas" cobertas por um voluntarioso e muito agressivo Coentrão. O português quando subia encontrava no flanco oposto a dobra perfeita a Javi Garcia, a quem cabia a missão de olhar pela "porta aberta" no flanco esquerdo. No meio campo atacante, ora Aimar ora Martins serviam de pêndulo destas movimentações.
Este ano tudo mudou! Sem Di Maria e se Ramires estas manobras tornam-se impossíveis pois as alas estão agora entregues a Gaitan e Salvio, dois jogadores cujo habitat natural é mais subido no terreno e... ao centro. As suas movimentações são tendencialmente diagonais centrais que não são compensadas pela entrada de jogadores rápidos nas costas na ala, dando oportunidade de alargar o jogo e entrar com mais homens no ataque.
Essa compensação não é agora feita porque isso criaria um total desequilíbrio defensivo e, sempre que acontece, Javi Garcia sozinho fica sem capacidade de suster contra-ataques rápidos com três/quatro elementos adversários.
Jorge Jesus tentou encontrar uma solução de recurso em Coentrão, colocando Gaitan na ala oposta. Resolveu apenas 1/3 do problema, pois Javi continua sem apoio na compensação e Peixoto não apoia nem tem capacidade táctica para ter um papel activo na movimentação. Tanto
Salvio como Gaitan descuram totalmente o trabalho defensivo, realizando-o sem as preocupações tácticas que exigiriam um jogo de
abertura.
Posto isto, qual é então a melhor táctica para o SLBenfica com os recursos (limitados) que tem? Na minha perspectiva é apostar no 4-3-3 com Kardec, Saviola e Jara no ataque, dado ser um modelo táctico que não sustenta um avançado estático, mas antes mais veloz e móvel. No meio campo, Martins teria que regressar à posição que o destacou no Sporting - interior direito - e Gaitan fazer o mesmo na esquerda ou mesmo Peixoto, encarregando-se Javi do meio campo defensivo.
Na defesa, o regresso mais que desejado e obrigatório de Coentrão à posição que demonstrou ser excelente solução - defesa esquerdo - mantendo-se Luisão, David Luiz e Maxi como restantes soluções à frente da baliza de um Roberto cada vez mais seguro. Não mostra predicados para 8,5M, mas está em vias de deixar de ser um problema.
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