Antes de mais, as apresentações. Chamo-me Nuno Ricardo da Silva, tenho 30 anos, sou técnico superior na área da saúde e sempre estive ligado ao desporto rei enquanto praticante, adepto e treinador de jovens atletas. Devo referir ainda que as minhas crónicas não têm nenhuma presunção de imparcialidade, rigor e objectividade jornalística, já que não tenho nenhumas pretensões nessa área. Felizmente não tenho que obedecer a nenhum código deontológico, pelo que farei uso dessa liberdade de expressão, pronunciando-me como adepto, apaixonado pelo desporto e pelo seu clube, com a devida parcialidade, no entanto, com fairplay. Espero corresponder às expectativas.
Para mim, Portista e tripeiro, o clube é muito mais do que o futebol e o desporto. Lembro-me de ir às Antas desde muito pequeno, uns 4 anos de idade, comer torrão de amendoim na bancada, festejar muitos golos e vitórias na companhia do meu pai, do meu padrinho e do meu falecido primo. A eles devo esta paixão ao clube. Recordo-me ainda da alegria que foi a vitória frente ao Bayern, ter ficado acordado para ver a final de Tóquio… a fantásticas viagens a Sevilha, Manchester e Frankfurt. A paixão ao clube é indissociável da cidade. O nome que partilham é apenas um detalhe naquilo em que se fundem. O Porto é o símbolo da região, é a chama dos corações tripeiros, é o bastião do salutar regionalismo… é o arco-íris de uma região fria, cinzenta, pétrea, oprimida e menosprezada pelo centralismo. É a alegria de todo um povo sem grandes oportunidades, humilde, bem educado nos valores e atitudes, mas que usa o calão como arma! Nós somos o Porto… Porto clube, e Porto cidade-região.
Depois da recente goleada do Porto ao Sporting, esta é de facto a altura ideal para algo com o nome “Poder Portista”. O jogo de terça feira a demonstração disso. Temos equipa, temos jogadores, temos organização, temos qualidade, temos confiança na recuperação e temos muita coragem para o que aí vem.
Os tempos são difíceis para o Porto. Não vale a pena entrar em discussões de túneis, casos, conselhos disciplinares, escutas, castigos, imparcialidades, desinformação pelos media… se o Porto fizer o que tem que fazer irá vencer! Se jogar à Porto como com o SCP, irá vencer. Não vale a pena entrar nesses temas conspurcados porque o desporto rei, com esta guerrilhar Vieira-PdC ou Porto-SLB, está tornar-se demasiado inseguro e perigoso para o adepto e eu não quero para isso contribuir.
Quanto ao jogo. O Porto alinhou na defesa sem Bruno Aves, com Maicon a juntar-se a Álvaro, Rolando e um irregular Fucile. No meio campo o tridente Fernando-Belluschi(dta)-Rúben(
A primeira parte foi domínio e controlo do Porto de fio-a-pavio. Uma entrada fortíssima, com a equipa bem subida no relvado, junta, compacta, a pressionar, a recuperar bolas no meio-campo ofensivo e a chegar por várias vezes à área com a bola controlada. Deve ter sido o jogo com o maior numero de toques na bola, por jogada do Porto.
A oportunidades de golo foram surgindo, no primeiro tempo, quer por bolas paradas ou jogo apoiado e de forma muito natural o Porto “trisou”: Rolando num canto, Falcão de pé direito e Falcão de cabeça.
No primeiro tempo a única coisa pouco natural foi mesmo o excelente golo de Izmailov, ao qual vou abster-me de dizer que foi com uma ligeira cumplicidade de Beto, que desvia mal a bola… bate no poste antes de entrar.
Por falar em Frangos, diga-se que o Patrício também não esteve no seu melhor: no golo do Mariano e o primeiro do Falcão ele deveria ter feito bem melhor.
Foi a melhor primeira parte do Porto este ano. Foi uma das melhores primeiras partes de Jesualdo: para comparar, lembro-me apenas da primeira parta na Luz, em Manchester e Vicente Calderón, em 2008… Melhor qualidade de jogo, talvez só mesmo aquela brutal segunda parte em Stanford Bridge, apesar do resultado.
O meio campo esteve fantástico, até Fernando, exceptuando um disparate que resultou numa perda de bola a meio campo, esteve bem e a participar activamente na construção do jogo. Belluschi é o melhor marcador de bolas paradas e juntamente com o Rúben, permite que o Porto crie, encontre e use diversas opções para progredir no ataque: pelas linhas, pelo meio, em posse, em circulação, em transição rápida… Já Rúben, mostrou que tem uma enorme visão de jogo, amplitude de movimentos, acerto no passe de média-longa distância. Encontra alternativas como nenhum outro, acompanha as jogadas dando apoio e linhas de passe e permite que a equipa chega dentro da área adversária em posse de bola e em triangulações constantes. Rúben, tal como Belluschi são para mim um valor seguro para titulares do meio campo, apesar do eminente regresso de Meireles.
Na frente, um possante e veloz Varela, teve a companhia de um acertado Mariano e uma enorme Falcão. Falcão é relativamente baixo, lento, não muito possante… mas tem uma cultura táctica impressionante, move-se dentro e fora da área com muita esperteza, luta, desgasta, domina, segura, roda e remata (de pé ou cabeça) com uma eficácia a toda a prova. É de facto um excelente avançado, pena é que não tenha uma capacidade de progressão em drible ao mesmo nível.
A segunda parte começa como se desenrolou todo o primeiro tempo… o Porto em cima do Sporting e a marcar bem cedo, por Varela, ao minuto 3. E pouco depois um grande golo do Mariano a coroar a sua boa exibição. O jogo continuou vivo, apesar de alguma contenção de parte a parte, e gestão de esforço... até porque o Porto teve menos 1 dia de descanso.
Ao minuto 90 o Sporting reduz para 5-2, com golo de Liedson. Ao golo sucede uma reacção estranha da plateia… um aplauso! Segundo os presente foi um aplauso à claque do Sporting, pela festa com que celebraram o golo.
Fica o registo do único Porto de Jesualdo com 2 médios criativos num jogo grande… o resultado é o que se vê!
O resultado foi dilatado, moralizador e além de justíssimo espelhou toda a qualidade de jogo que o Porto empregou hoje: mérito. Foram 2 jogos seguidos dessa coisa rara: bom futebol.
Quem me conhece à mais tempo sabe que não sou o maior dos apreciadores do trabalho do prof. Jesualdo, mas quero deixar o obrigado sr.prof. e atletas. Este é o Porto do qual tínhamos saudade. Possante, afirmativo, a jogar para a bancada, sem medos, sem invenções… completamente indiferente às adversidades que lhes podiam artificialmente ter colocado. A jogar assim ninguém nos pára!
O Porto demonstrou que tem muito valor e pode ainda aspirar a ser campeão nacional.
Nota: O Nuno será então o editor do Poder Portista, até que seja encontrada uma solução definitiva, pois como era habitual, tentaremos que seja um blog de cada clube a escrever sobre os assuntos semanais do mesmo. Agradeço desde já a disponibilidade do Nuno.
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